Blog de frestras. Não é diário íntimo. Para jogar as imperfeições no circo, desentupir excessos, fazer uma calçada.

terça-feira, novembro 28, 2006

Fazer samba em Orly

Diz que fui por aí

Se alguém perguntar por mim
Diz que fui por aí
Levando um violão debaixo do braço
Em qualquer esquina, eu paro
Em qualquer botequim, eu entro
E se houver motivo é mais um samba que eu faço
Se quiseres saber se eu volto diga que sim
Mas só depois que a saudade se afastar de mim...

(Zé Kéti e Hortêncio Rocha)



Qua, 3 Jan-Qui, 4 Jan: TAP AIR PORTUGAL, TP 0170

De: RIO JANEIRO GIG, BRAZIL (GIG) Mapa Parte: 9:10pm
Qua, 3 Jan

Terminal de partida: TERMINAL 2 Portão:
Para: PORTO PORTUGAL, PORTUGAL (OPO) Mapa Chega: 9:00am

Classe: Econômica Assento(s): Check-in obrigatório
Status: Confirmada Confirmação: D5KK3N
Refeição: Jantar , Café da manhã Fumante: Não
Aeronave: AIRBUS INDUSTRIE A332 JET Milhagem: 4968
Tempo de vôo: 9 horas e 50 minuto(s)

_________________________

Qui, 4 Jan: TAP AIR PORTUGAL, TP 0468
De:
PORTO PORTUGAL, PORTUGAL (OPO) Mapa Parte: 4:35pm
Portão:

Para: PARIS ORLY, FRANCE (ORY) Mapa Chega: 7:30pm
Terminal de chegada: ORLY-OUEST

Classe: Econômica Assento(s): Check-in obrigatório
Status: Confirmada Confirmação: D5KK3N
Refeição: Lanche ou brunch Fumante: Não
Aeronave: AIRBUS INDUSTRIE A320 JET Milhagem: 757
Tempo de vôo: 1 horas e 55 minuto(s)

Verifique os horários dos vôos antes da partida

quinta-feira, novembro 23, 2006

A BOMBA


Tentei escrever, tentei te falar, chorei pra você ter pena

penei pra você enxergar meu amor

Você não entendeu


Agora meu amor mudou de língua

fechou o tempo, descorporificou


Mas é ainda maior


que as cartas que você nunca recebeu

que as músicas que você não ouviu

que as letras que você não compreendeu


Não puderam explicar

que agora não há léxico que explique

a bomba de efeito retardado

que o meu amor postergado

tá explodindo nas crianças

que me crescem no jardin de la vie en close

no mundo de mundos de cada estranho

que esbarra na minha sombra se esponja de desejos

no meu desejo gentilmente cedido aos direitos

Meu amor mudou de poesia

Descorporificou

Porque plena de esperanças, tranquei a sala de espera

e abriu-se um gigante salão de danças

em que fiquei sozinha,

num escuro de tudo, testando meu despertar até...

até lá.

Vi bailarem todos os sambas e rocks do choro

cantei em inconsciência todos os mantras

que me fizessem chegar a um oriente

para voltar ao nordeste e tomar xotes novos

e foi

vendo o tango sem elegância

pude com funks selvagens, gregos antigos

guerreiros arábicos: toda uma áfrica de saaras e oásis:

não desprezei nenhuma gota que me ajudasse

a contar essa história da valsa imaterial

de frios na barriga que me dança agora nas pernas.


Percebi cada dia no salão escuro

só pra poder sentir meus dedos descobrirem

uma temperatura diferente

nos cílios de plumas de um novo amor invisível.


Vi alargar-se o espectro das cores


Outro

corpo todo a serviço da falta de gravidade


me sustenta

um silêncio pleno lá fora, nem mais uma palavra:

só o peito se multiplicando em músicas e músicas

cerrando as arestas do pensamento

rompendo os eixos X e Y

prá cortar uma estrada longitudinal

onde os encontros geográficos serão sempre mais

que a terra


prá permitir correr o vento

que te contará


um dia

sem mais nem menos

Que

esse alongamento incomum que tenho nas pernas

é porque encontrei uma coisa preciosa na sala escura


Que
como tentei te dizer

nenhuma língua será capaz de traduzir


Talvez a sua bomba de efeito retardado

te jogando no escuro todo a anos de luz


Quem sabe

Te brinde com um segundo dessa sensação maravilhosa.


Desejo esse segundo

Mais do que 16 070 400 primeiros momentos

de incompreensão


Te ofereço meu corte longitudinal

para permitir passar esse vento

esse que será talvez capaz de soprar

um souffle


Te tornar pura consciência
(sem um átimo de esforço)

do que nenhuma língua esperântica seria capaz de traduzir

e que eu só cheguei perto de conseguir quando te contei

que acreditava em tudo.

segunda-feira, novembro 20, 2006

De mansinho

Segue a força das pedras debaixo do flautista

Os tambores da África mais terna

que ocê chega na quebrada mais mística da doçura:

Minas Gerais.


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Quando volto de Minas, o olhar fica assim meio assim enviesado,

meio besta de afeto:

parece até que me dão uma lente com foco na vista

que aponta para o amor no meio do horizonte. Trem doido.


sexta-feira, novembro 17, 2006

Comunidades estrelares

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“Trata-se basicamente de ser um ‘corpo’.
O corpo remete sempre a si e aos outros corpos ao mesmo tempo,
sendo essencialmente no plural.
Não é de modo algum isolável daquele a quem atribui um rosto
e de quem é o único indício de existência.
Não é separado daqueles com quem coexiste.
Não é eminentemente uma marca de identidade social.
Não é máscara.
Não é indicador de um personagem.
É a própria realidade da pessoa.”


Se um só corpo é toda uma realidade
O que será do além
Um corpo que salta?



Texto: José Carlos Rodrigues
Foto: Manolo Illera

terça-feira, novembro 07, 2006

Como viver juntos, em Sampa

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Fui a bienal e voltei assim assim. Gostando. Achei corajoso o posicionamento dessa vez por uma linha assumidamente comprometida com a realidade. Claro, em toda a irrealidade, surrealidade e multirealidade que as experiências num mundo "global" permitem explodir. Achei corajosa a opção pela curadoria de uma arte não que tenha pânico de imitar, pois essa já morreu mesmo há muito muito, nem de transgredir, pois essa não é também sua compulsão compulsória, mas que ostensivamente deve refletir, discutir e incitar à vida, essa parece ser a proposta dessa edição. Assim né, no meu empolgado olhar, o tema "podemos viver juntos?", “como viver juntos?”, algo assim, nem propõe raspar as arestas das diferenças pra ver se o que sobra é plausível e tolerável a se compartilhar, nem discursa sobre o valor destas diferenças na aceitação de um mundo necessariamente multicultural. Ela simplesmente dá voz a quem questiona determinados modos de existir. De um jeito até radical. Não à toa, somente um americano lá a opor-se a qualquer coisa. ô, maldade...Mas é fato que quem tava lá pleiteia determinadas formas de existir. Não se satisfaz em deixar-se levar pela vida, vida leva ai, pelo contrário, essa curadoria legitima e propõe um olhar que se foca na indignação, no espanto e no relato dos processos de fragmentação e reconstrução, algo conscientes, da existência. No sofrimento diante das novas ordens mundiais. Vi uma porrada de toques de recolher, de últimas chamadas, de diálogos limítrofes antecipando atentados às porradas. Gritos que certamente incomodam uma sensibilidade desacostumada à arte que não pura estética. Também o exagero da arte-conceito. Da arte-projeto. Da arte performance. Mas, apesar disso, sem deixa de afetar os sentidos, ela parece dizer não às sensações que morrem na obra seguinte. E sim aos sentidos da significação, das razões das coisas, do rumo. Ou assumir, em casos mais desesperançosos, que nenhuma delas pode explicar um mundo inexplicável, mas experimentável, isso sim, extremamente experimentável. Esta bienal projeta também solidariedade. Abusando do seu poder institucional nato, na curadoria, assume isso ao dar a entender serem muito mais importantes os projetos e processos pelos quais as obras passaram e procuram refletir, com que atores? Com que causa? Sempre uma causa em que alguém foi oprimido. Questionando o que? Contra quem. ...do que a beleza e impacto do suporte, linguagem e técnica escolhidos. Uma bienal de narrativas, versões. Que conta histórias, biografias, faz radiografias de todos os tipos. Diagnoses e promessas de novas formas de sobreviver, existir e superexistir, para, então, dar um magro dedo mindinho ao tapa pra pergunta: poderemos viver juntos?


Pra mim, ir a essa bienal foi me afundar nos mundo, só o que quero.
E
emergir, ainda sem saber direito qual e se o
necessário engajamento da arte,
se ela serve mesmo à realidade,se, mas na certeza de que, isso sim,
ela re genera a vida.


Sampa, madrugada de 6 de novembro.

Foto: Guy Tilim, registrando Luanda.

quinta-feira, novembro 02, 2006

Convocatória astral

Desculpe te avisar em cima da hora . Esse absurdo.
Pode parecer muito, mas já era
: eu quero mesmo o mundo.

Slibe.com - Free Image Picture Photo Hosting Service 2 novembro 2006

Sua alma se encontra no limiar de uma transformação radical,
de tal porte que, talvez, você nunca mais consiga viver a vida
como ela foi até agora. Por enquanto a perspectiva assusta,
mas logo o susto se transformará em alegria.



Sempre é pouco quando não é demais. Vamos nessa.