Lágrimas nos olhos de cortar cebola

O mundo gira

Pequeno

O dia é pouco

Meu grande

Amor que se preza

Perde a grandeza

Quando conta a presença

Em miúdos

Escrevendo nas estrelas se perdendo nas constelações - I e II

1.
Num rasgo de olhar da soleira da porta do navio, atracou-se um marinheiro que retêra tudo, ou quase tudo, da longa viagem que se encerrava naquela chegada e saída das docas de uma cidade qualquer entre La Habana e a Guanabara.

Chegava completo e cansado. Orgulhoso de mais uma missão cumprida, vazio dos peixes que já não encontraria no novo oceano-missão. Orgulhoso de se sair de mais uma comprida missão. Naquela quase placidez, na verdade descansava as noites de temporais que lhe encontraram em muito alto-mar. E esperto, flertava com o dia se abrindo em terra à vista naquele porto-passagem sem ser incomodado.
Contemplando aquele balanço da beira, duvidava entre descer ou não a rampa de seu barco mais fiel em direção àquela civilização meio estranha meio familiar. Mais uma a se confundir com seus sonhos que fundiam trópicos com pólos, atlânticos, índicos com pacíficos. A bem da verdade, se cansava de antemão desses portos que tanto podiam ser venezianos como santistas. E às vezes sonhava com uma rede que não lhe dera todo o firmamento para contemplar. E o mais certo era o mar. Que amar.

2.

No entanto, daquele porto quente vinha algo que lhe escapava às organizações. Do outro lado da beira da água, uma fumaça-serpente lhe acordava a cabeça de golpe.

Apertou os olhos para desembaçar a vista e enxergar a pintura solar que se liquefazia em cores derretidas na pedra ardente, lhe olhava? As formas em curvas com o entorno imperfeito, o tecido em flores, a pele dourando o vento em volta, os cabelos de matéria de gente... não havia dúvidas: depois de tempos, uma mulher. As cores lhe cabiam inegáveis. A fumaça com fogo. Abriu os olhos.