Blog de frestras. Não é diário íntimo. Para jogar as imperfeições no circo, desentupir excessos, fazer uma calçada.

quinta-feira, setembro 02, 2010

To nie ptak

Escalei Andes e Pirineus
Fiz a gitana em romenas laranjas manhãs
Rodei a roda gigante da Paris que não sorri
Fui ao Alabama provar que a one white drop of blood
É que faz o americano
Sonhei, acolhi, simulei, recolhi
Estranhas paisagens e cidadanias sem estação
Comi mais que podia das orgias
Menos do que devia

Tive sede do amor com todas as letras

Balbuciei de vergonha em várias línguas
Chorei como um bebê com juguetes de criança
rasguei o futuro como se meu último dia
em adolescentes tormentas apocalípticas
Renasci

Decepcionada pela falta de reconhecimento
Do esforço glorioso de querer o homem com tudo dentro

E faço essa poesia idealista como uma anciã oriental
Que suspira perdida em memórias que nem mais sabe que viveu
Entre jardins e Bálcãs, Japão de terras e costas, impérios e etnias
Entre desertos e nacionalidades que mudam
Quando mudam as fronteiras
Capaz de encapsular mil anos de respeito num chip a presentear
Pela história dos outros

e viver as mortes em cada vida

e as células vivas
ser soldado nos combates travados nas noites
prá entender os medos vis dos homens grandes.

E com tudo isso que esmaga e expande

Não sai da minha cabeça a tua expressão de desgosto
quando abandonaste o café morno naquele bar biliínge na beira do trilho
prometendo e se despedindo em um só tempo: "você não é um pássaro".