Blog de frestras. Não é diário íntimo. Para jogar as imperfeições no circo, desentupir excessos, fazer uma calçada.

sexta-feira, dezembro 24, 2010

Amor entre pólos


O amor importante é esse dos dias
que nos ladeiam redondos,
mesmo com as esquinas
que desviam do mundo.




quarta-feira, dezembro 08, 2010

A vertigem hollyoodiana da artista desamada chapeuzinho e sua infância


Dou a volta ao mundo prá não andar em círculos

Pé ante pé

saltando abandonos egoístas e lobos-heróis implacáveis

Com um punho fechado e uma mão aberta

Prá não perder o prumo, e abrir as portas certas

Aquela floresta

Prefiro saltitar

Armo um exército de flores prá não endurecer

Nessa guerra de medrosos e sorriso costurado no sexo

Tenho uma cesta de doces.

...

Acredito em uma armadura de carnaval e me lanço sem o escudo, que os heróis estão brincando de casinha, não há o que temer do amor cão.

Mas no caminho tenho fome de verdade e tento a verdade não há o que temer dela a única esplendorosa verdade do peito abro a cesta avançam os cães meu punho fechado escorrega seu murro no ar minha mão aberta desprotege minhas veias abertas mas cadê ela? Os cães vociferam por meus doces perco o tato e outros sentidos escorrego caio levanto escorrego levanto, a verdade escorrega junto, me entrego.

E se aproveitam os cães um banquete juvenil.

...

Como na cegueira branca e desiluminada de Saramago vou despertando do sonho. Vou enxergando as caras cruas da solidariedade de prateleira, uns corpos líquidos de ombros de gesso, um sorriso com dentes implantados a prestação, o prazer tirado a fórceps e deixado órfão, o vazio da cor

Uns artistas sem coração.

...

Tento dormir.

Mas medrosos e feridos dessa guerra de amores bloqueados na infância querem o resto que já nem sei se carrego nesse alaúde de ferro velho, minha cesta.

Estufo o peito prá fazer um escudo de mentirinha. Quem sabe ainda lhes convenço. Quem sabe já morreu. Mas não serve. Ó floresta cruel.

E dou de presente sem resistência o que resta do meu passo prá estranhos que parecem mais confiáveis que os iluminados de Paulo Coelho.

Aqueles alquimistas.

...

Enquanto derrotada no quarto vou tentando engarrafar esse vento confuso na cara que devia trazer a verdadeira alegria.

Clack.

Estão chegando de novo.