Blog de frestras. Não é diário íntimo. Para jogar as imperfeições no circo, desentupir excessos, fazer uma calçada.

quinta-feira, julho 21, 2005

Adstringências - 2

Se deixas sair o que está em ti
o que deixas sair te salvará
se não deixas sair o que está em ti
o que não deixas sair
te destruirá.

Jesus, segundo Tomé

Os últimos serão os primeiros

Por mais distante o errante navegante
Sempre acaba acertando. Numa só tacada despretensiosa
O safado se permite

1- ir distante
2- ser errante
3-navegar

Para poucos, em tempos de viagens curtas, mapeadas, com destino certo e cada vez menos escalas.

Dia do amigo

Ontem foi dia do amigo. Nunca fui de mandar e-mails, individuais ou coletivos, nesses dias. Esse último fim de ano tinha me prometido mandar umas palavras pra umas poucas pessoas que me acompanharam num ano difícil, de rupturas e lotado de emoções fortes. Ai acabei não mandando. Não sei direito por que. Mas ontem recebi de uma pessoa linda uma letra e outras palavras também muito lindas. Uma pessoa que tem me mostrado que a vida tem ainda mais cores do que eu achava (e olha que eu só chegadad nisso, cores). Essa letra tinha escrito no meio: “Eu queria o amor decidindo a vida”, é de uma música do Roberto Carlos, chama "Eu quero apenas". Ai consegui mandar um e-mail pra meia dúzia de fortes que vêm me acompanhando nessa luta-festa que é a minha vida.

Me deu vontade de dizer que eu queria
que a nossa vontade de fazer sol ou de fazer chuva
determinasse a estrada que a gente quisesse pegar
Que o sono, o frio, a fome, todos os desejos
Naturais ou culturais
Tivessem o poder de escolher
O poder de nutrir
A bala na agulha que nos libertaria
De dizer tantos nãos quando queremos dizer sim
Tantos sim
Quando queremos dizer não
Ou nem dizer
Calar, quando somos obrigados a opinar
Declamar quando só dá vontade de escrever num bilhete

E dobrar bem dobradinho
E enfiar na bolsa de um amigo
Aquele
Só pra ele só saber
Que todos esses desejos
Todas essas possibilidades
São lindas, coloridas e encantadas

Mas só fazem sentido se forem compartilhadas
Em um mundo que mais de um enxergue como possível
Eu queria tanto tanto
que pelo menos eu, você
e nossos amigos do peito
Pudessem passear,
Pelo menos de vez em quando
Por esse caminho...

Mas o que eu queria mesmo
No fundo e no raso
É que entre nós continuasse passando um fio
Muito discreto e forte
Que vem sendo bradado e corrompido em outros nomes
Mas que antigamente a gente, mesmo sussurrando
Tinha mais coragem de dizer que era o amor

quarta-feira, julho 13, 2005

Delay
uma causa nobre a se procurar
mas delay e fora de sink

(ai não deleita do tempo enquanto
pesquisa)

O que deveria ser,
não uma promessa,
mas um torpedo imponderável

quinta-feira, julho 07, 2005

Stand Bye

Todo mundo quer e ninguém pega
Ninguém sabe

Uma gargalhada que rasga
um vôo rasante
Uma bolha de sabão
e a criança que acredita
A memória precoce do desejo

Todo o sentido sem rumo
Toda a promessa descumprida
Um esfumaçado humano pelo espelho
retrovisor deixando um aceno
A cena, chegada para trás

Um passo de dança congelado no ar
Congelado, o ar dança com o olhar

É o futuro.
Ninguém pega. Ninguém sabe.
Não se chora nem se grita.
Sem pressa sem fuga - irremediavelmente
sem medo de olhar pela fechadura
e ver a cera da vela quente que escorre
enquanto o paciente dorme pra esperar

Mas ele sempre chega, ainda que nunca tenha saído de seu lugar.