Blog de frestras. Não é diário íntimo. Para jogar as imperfeições no circo, desentupir excessos, fazer uma calçada.

quarta-feira, julho 29, 2009

do outro lado da linha do escudo


Cada vez que chega uma carta tua do outro lado
tenho o impulso de responder
soltando mais um pedaço de linha do meu carretel

e te oferecer metros menos de mim de longe
a possibilidade e a sina de se comunicar comigo prá sempre

chances a mais de se deparar com tesouros de pólvora e bombas de ouro numa caixa preta de cores não confiáveis

E esse feixe de flechas - metade contaminada, metade insuflantes
bem ia cravar-te um novo código no peito

mas o ar está cheio demais de microondas, macroondas e
medíocres ondas que confundem
comunicação virtual demais

e o feixe as flechas o veneno e o tesouro estancam no ar parado o sinal fica fraco e com medo eu seguro tensa a linha do carretel com medo dos raios no meio do ar quente a linha congelada da ligação com medo a conexão muda a
ligação se interrompe

e nem você enriquece nem você explode
nem desiste nem morre envenenado de amor e eu
nem relaxo o carretel
nem puxo de vez esse anzol
cada vez que chega uma carta tua do outro lado
o tempo e o espaço podiam ser nada
o poder da vontade podia ser tudo
o amor maior que
mas minha fala fica mais muda.

quinta-feira, julho 23, 2009

Quase inexplicável I

Foi na janela

Mas não encontrou prá quem dizer

que hoje morreu e nasceu, com alegria

mais uma volta do espiral

sem choro, sem culpa, nem barulho

subiu e desceu uma ordem prá findar-se

um tempo

um jardim

um cominho de sentimentos

despetalados

que foi dormir em paz

do lado de lá

foi no banho hoje de manhã que se deu conta

desse alegre funeral de nascimento

mais um

preparado no escuro

e arrebentado sem alarde

Por uma misteriosa fagulha

que dá a luz enquanto mata sem crueldade as células mortas

de uma fase desterrada.

Quase inexplicável II


e
de repente se deu conta de que

ocupando o lugar daqueles pensamentos repetitivos

trepadeiras das últimas eras

Haviam se instalado

Uma penca de novos batimentos cardíacos

Festa de povos da madrugada se agitando no metrô

Crianças sem medo colocam os pés no mar

Um senhor em lampejo recobra o dia de seu primeiro enamoramento

A meia lua de uma mesquita chinesa é avistada por um passante desesperançado

em Belém

Uma fileira de flores mexicanas em dia de finados derretem aromas no asfalto quente

De Guadalajara

e seu céu ganha um tom de azul


E enquanto a água suja se ia e a nova pele secava

ela só queria pegar aquela fagulha da transformação

e acender uma tocha

prá dançar com os seus

enquanto aquela alegria imprevista tivesse vida.

quinta-feira, julho 02, 2009

Lost in the paradise


3 julho 2009

É impossível convencer ninguém a respeito do mundo invisível,
só sabe dele quem tiver assentado seus fundamentos no íntimo do coração.
Por isso, nem tente convencer ninguém a esse respeito, esta seria uma luta insana e inglória.