"Não podemos jamais ir para casa, voltar à cena primária enquanto momento esquecido de nossos começos e 'autenticidade', pois há sempre algo no meio. Não podemos retornar a uma unidade passada, pois só podemos conhecer o passado, a memória, o inconsciente através de seus efeitos, isto é, quando este é trazido para dentro da linguagem e de lá embarcamos numa (interminável) viagem. Diante da 'floresta de signos' (Baudelaire), nos encontramos sempre na encruzilhada, com nossas histórias e memórias ('relíquias secularizadas, como Benjamin, o colecionador, as descreve) ao mesmo tempo em que esquadrinhamos a constelação cheia de tensão que se estende diante de nós, buscando a linguagem, o estilo, que vai dominar o movimento e dar-lhe forma. Talvez seja mais uma questão de buscar estar em casa aqui, no único momento e contexto que temos..."
Richart Hoggart - The uses of Literacy