Apenas um tom de magenta
Blog de frestras. Não é diário íntimo. Para jogar as imperfeições no circo, desentupir excessos, fazer uma calçada.
A vida é violenta
como um touro excitado pela mágoa e
insolência dos homens
No amor pervertido dos homens
covarde quando existe para replicar ignorância
Podendo dar a luz à criação
tragada pelo consumo à replicação
a vida é um desperdício violento
Desejo, leme e olhos perdidos,
a vida violenta
com sua força rebenta
Violenta
Quando a ambição vai alheia do tempo e do espaço
violenta
Imponderadamente brutalmente misteriosamente
a vida é violência pura, quando nasce
mas não sobrevive sem tranformar-se em forma, escolha, projeto
a vida cicatriza-se
Quando coloca de frente
uma criança, uma planta e um plano
forjados no coração
que não pare de bater, violentamente.
Fiz um poema desinvestido de arte
E encharcado de amor
Que da arte não sei contar os méritos, e do amor sei até que dói e não se vende
O meu poema se encharca de matéria borrada, sabe pouco da espátula que funciona
Mas meu amor que encharca é generoso como um poeta que sente, o cachorro sincero, parceiro em dor e visco da inspiração.
Meu amor que encharca é como sorriso de criança, que se entrega sem saber quanto vale um coração, nem que suporte é que vende mesmo a emoção
O meu poema encharcado de amor abraça cachorro, poeta e criança no charco lamacento dos improdutivos que querem, no fim de uma leitura, vida.
Falo de menos, há palavra
Penso demais, às ideias
mas amo bastante, tu poesia.
A vida dos anjos sopra
Nas entre horas de desassossego da vida dos homens
Não espera a calmaria encomendada da foice
Nem a paleta pastel dos filmes celestiais
Vem nas tensões dos dias sem respiro
Nas aparências dos momentos sem solução
Na agonia, nos preços das dívidas
Nos engarrafamentos dos impasses
Se interpõe e sopra baixinho
O alívio tênue
Àqueles que sofrem mas aceitam
Persistem e não aceitam
Mas se abrem ao fato mágico e assombrador
De que na natureza
Nunca estamos sozinhos
(17/04/2011)