domingo, março 27, 2011
domingo, março 20, 2011
Cisne Negro
Sorvendo o caldo das sensações mundanas que acompanham seu corpo explorador vem rasgando coxa e avassaladora a asa negra do cisne maligno
Desfila charmosa seu fel giratório confunde, perturba, seduz com corpos os entranhados de muda paixão
Rapina a asa escura e manca e atinge em estilhaços irresponsáveis os acertos frígidos desse meio mundo
Zombeteia do sangue humano suas penas esfumaçantes em noites porcas de alegrias
Tripudia sobre a brancura imaculada de seu verso fiel, da dor não compartilhada do cisne branco toda vida, de sua luta inclemente pela técnica da bondade sem resvalos, do esforço sufocado de seu manto virginal.
Machuca, com seu sexo bêbado, o coágulo da dor pisada nos anos, os hematomas maquiados sem lágrimas, as feridas não suturadas do harmonioso cisne cândido.
Gargalha, com inclemente desdém, da asa infinitamente branca de seu reverso, o animal perfeito, o homem alvo, o homem-cisne.
Vem sobrevoando sombrio a pontaria perfeita em sua imobilidade projetada, as penas puras do cisne limpo
Rondando o que sobra dos desacertos de pelúcia das brincadeiras sérias do cisne branco cisne negro arma o bote em cada esquina, e fim: cisne branco vira fábula, miragem, fantasma.