A pão dureza do amor
Você tava ali parado com seus olhos contemporâneos: um casal de modernas pupilas, treinadas e independentes, sem nenhum medo da noite do Rio. Aliás, já reparou, você-todinho não têm medo, parece. Tão seguro como aquele poste que apóia teu corpinho gostoso e blasé que concordamos em compartilhar “qualquer hora” dessas. Eu vi quando você pediu mais um chopp escuro e ficou assim com a perna cruzada, bem resolvido como os postes cariocas. E eu, ali de longe, logo pensei que todo mundo tem medo, e que você parecer que nunca tem deve ser por causa desse casamento moderno ai que você arranjou pros seus olhos escorregadios. Pensei só: eles saem sozinhos à noite, têm quartos separados, uma relação aberta. Não gostam das mesmas coisas, mas têm bons hábitos nos fins de semana que passam juntos. Se “completam”. Quando um ta de bode, o outro ta na pilha. Quando um ta de chico, o outro deve pegar alguém ao som de hendrix, quando um tá de autos, o outro tá in. E por ai afora vão, sem te dar muito trabalho, que dizer assim ”EU QUERO”, com todas as letras maiúsculas, dá um trabalho de cão.
Você ali parado no baixo-bairro me esperando com o casal de olhos descolados que dividem um apê muito cool no Jardim Botânico, e eu há uns
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