Blog de frestras. Não é diário íntimo. Para jogar as imperfeições no circo, desentupir excessos, fazer uma calçada.

quarta-feira, dezembro 30, 2009

Baldinho Comunista da Soberba

Tenho um balde cravejado de pedrinhas cintilantes pronto para despejar as águas dos outros Ali cabem rios de lamentos, lágrimas de alegria, cascatas de combates, gotículas de segredos, riachos de mágoas jatos de alegria. No meu baldinho cabem confissões e carinhos, medos e desesperos, promessas e remédios de além mar. Cabem cobras e lagartos, que nadam sem fim tentando virar sereias-libélulas que abandonam seus pântanos para voar em busca de vida nova Cabem princesas vaidosas e príncipes mirins, reis e rainhas que querem dominar o mundo, orgulhosos de seus corações e justiças. Cabem guerras e golpes, cabem até a mentira com fundo falso e o olho gordo disfarçado de admiração, cabe sim, cabe o não. Cabem escoadeiros de insossegos, valsas de solidão, brumas de além vida e ventos de transformação cabem planetas futuros e feudos passados, gregos, fenícios e magnatas de amor Cabem estradas perdidas e anões bem intencionados, velhinhas com suas memórias de lã e cachorros sarnentos em busca de alguém prá chamar de seu. Cabe muita coisa. Meu baldinho é cravejado de pedras para brilhar no escuro entre cegos e maltrapilhos. Para ser encontrado no meio da noite por andarilhos que querem viver. Para substituir o caledoscópio perdido de magos no ostracismo, para cintilar o que não é ouro. Meu baldinho de pedrinhas cintilantes cabe muita coisa, e dizem que é até divertido lá dentro. Mas tem que saber pedir prá entrar. E prá voltar, depois de uma traição, tem que saber rezar muito bem o perdão.

soberbo adj soberbo, soberba [su'berbu, su'berbɐ]
1 arrogante
uma atitude soberba
2 grandioso, magnífico uma vista soberba