A pinça
Acordou pro encontro quando achou, entre os escombros do cômodo amedrontado – por pouco -, uma pinça de pontas afiadas. Par de ferros. Escura do desuso dos anos, esquecida no inventário dos ouros, oportuna – lembrou-se de quando era jóia.
Mas era agora no cômodo. Obras completas e projetos não durariam. Era agora no cômodo e, por um instante, por um ratito de ponteiros, sentiu a vista poderosa de filtros e lentes - arrecadaria toda a fortuna espalhada da rua, e o asfalto quente, cinza, e concreto, e tudo.
Encantou-se sozinha. Chegou que saberia como preparar uma água nova e cândida, e oxigenada como a boca de uma criança limpa da escandinávia, mesmo sem nada por perto.
E entenderia. :
Com ela teria o modo enviado para regar, sem desafino, um jardim abandonado.
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