Blog de frestras. Não é diário íntimo. Para jogar as imperfeições no circo, desentupir excessos, fazer uma calçada.

sábado, abril 14, 2007

O óbvio e o obtuso do amor

Homens no amor não têm a capacidade de lidar com sentimentos na penumbra, abstrações. Precisam ver, se possível tocar e gozar, para terem certeza de que um sentimento existe e é legítimo. Ai acreditam, dão crédito. Mas nesse ínterim de cegueira esbarram em tantas coisas delicadas nas estantes das mulheres colecionadoras, causam tantas pequenas decepções nessas falsas cognatas da compreensão que, por sua parte Y já claros e esclarecidos, em geral pós coito, de nada lhes serve relembrar que na real na real, naquele mundo sem física onde as coisas se armazenam e processam alheios às suas parcas elaborações, que na verdade elas eram, foram, desde sempre, as mulheres de suas vidas. Tarde demais. Nessa confusão, elas não gozaram. E o que vem depois, ninguém sabe. Mas acho que os homens não deviam pagar pra ver o poder de uma mulher decepcionada. Elas raramente aparecem tristonhas. Se muito, algumas vezes desesperadas, mas com uma inventividade atroz: vão ganhando novas e mais novas armas de abstração no amor e quando eles, os Y, vêem, já estão cheios de penumbras novas. E ô ciclo...