Blog de frestras. Não é diário íntimo. Para jogar as imperfeições no circo, desentupir excessos, fazer uma calçada.

quarta-feira, junho 15, 2005

A parede- parte I

Agora que, num movimento a fórceps, busco resgatar aquela força convicta de continuar vibrando, a crença na “dignificação” do homem pela expressão criativa - pode? da operariedade, o vigor que se constrói da repetição, o bom humor do “bom brasileiro” que sofre, mas também dança, aquela doce consternção, enfim...quando, mesmo com certo esforço – era mais fácil fazer jogos de “existencialismo” na infância, quando me sentia “intensa” quando tomava decisões pro espírito – resolvi manipular minha fraqueza pruma causa nobre de vida, como, no caso, conseguir ser uma saudável trabalhadora que aproveita o “o momento” cheia de esperanças no futuro colorido da própria criatividade...mas me impacto quando percebo que, de minhas mãos que seguram o fórceps ferramenta, depois de longo esforço...não sai nada! Na-da. Me surpreendo. Me desolo de surpresa. Não entendo nada, mas lá lá sei que a fé me traiu. Não a minha. Ainda. Mas a fé que têm em mim. O retorno certo da boa intenção dos gestos não retorna. E isso era o mais certo, desde desde. Um sinal piscando dizendo “no money at all”. Nada. Niente. Saldo negativo. “No new message”. (.) . Fui traída. Abandonada. Me sinto como se tivesse sido deixada na estação de trem mais estranha, sem anfitrionagem alguma e nem um bodega aberta com um mapa ordinário pra vender. Ou na rodoviária mais fudida, para não me iludir com o romantismo da memória das belas estações de trem das histórias de Europas. Numa estrada besta e sem charme. Por alguns momentos, me paraliso. Só pode ser pra...tá faltando...deixa eu chegar prá trás, do outro lado tem...que ter. Deve ter. Não pode ser o que não pode ser. Me parece demasiadamente incrível que meus deuses fiéis, que sempre acreditaram de verdade em mim tenham, de repente, do nada, descoberto que se religiar-me é um sim um ópio maldito, uma alienação e um mau uso do dinheiro espiritual e tenham, de repente, buscado o retorno mais próximo em busca de empreendimentos mais “científicos” e promissores. Não, não. Isso cheira mal. A fidelidade é...Vai vir – deixa eu puxar mais um pouco. Não é assim. (...) Mas nem um ventinho sopra, nadinha.

Percebo que não devo parar, sinto um risco no tempo quieto, como quando, ao revés, as abelhas podem nos atacar ao sentir o deslocamento do ar quando nos atrevemos a respirar em sua presença. Portanto, “Não devo parar”. Mas tampouco teria alternativas de caminhos fora me jogar nos trilhos e ali ficar, sem nem uma plateiazinha de um real pra se divertir com algo que lhes fuja da rotina. “A agonizante estribuchada da jovem que caiu no trilho da estação sub-urbana – e não morreu”. Todo mundo se diverte com o mundo cão, em algum nível. Mas nem assim. E não movo. Me. Estou sozinha como nunca. Mas não vou chorar não, nãovouchorarnão, não-vou-cho... quando me deparo com uma estranha parede no passo (que dou só pra ver o...) o pé no ar, por se acaso não der. Cheia de heras cavalares, uma parede me de-para na frente. Um monstra parede de...mas de que porra é essa parede?! Me animo. É, já, uma reação dos ares. De: Ares / Para: mim. Me animo. É já alguma coisa.