Blog de frestras. Não é diário íntimo. Para jogar as imperfeições no circo, desentupir excessos, fazer uma calçada.

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Brilho eterno

Sonho recorrente que estou só naquela praia de ilha

Deserta


Abandonada


Que já não sei quando fui

Tão livre

Sem saber

Sem poder

Sem esquinas perigosas

Sem carnaval


Só o mar e um pedaço de pano que censura um pedaço de carne..


Sonho recorrente com uma ilha pequena, nela fico ainda menor


Mas do topo da ilha olho pro sol

E não preciso fechar os olhos

quando vejo o sol doendo


vejo nele todas as coisas vivas e os tempos

Passarem tremendo

Passados alados

revoadas de lembranças

E nenhum deles dói.


Cardumes de promessas

Cada uma mais cintilante na espuma da onda da beira que a outra

E nenhuma delas dói.

E eu lá.


Aperto a língua dos gostos

Tento caçar o cardume e a revoada

Faço força prá durar o sonho


Prá ter força


Sonho recorrente com essa ilha

Meio caribe meio nordeste meio carioca sem carioca

Essa minha África idílica

Que junta o doce, o ácido, o salgado e o amargo


Esse sonho de estar só

E ser forte

Forte


Forte.


Constatar a solidão desse grande presente que é estar numa ilha


O homem e suas circunstâncias


estar nessa ilha-universo

sozinho

Essa pequenez que não dói


É só um sonho.



Faço força na barriga das lembranças
Prá acordar e ter força
Molho o cabelo no sonho de areia, inspiro o trabalho que dá
Cuidar de uma ilha
Prá ter força
prá acordar

e ter força
Prá estar com a gente aqui do bairro.