Brilho eterno
Sonho recorrente que estou só naquela praia de ilha
Deserta
Abandonada
Que já não sei quando fui
Tão livre
Sem saber
Sem poder
Sem esquinas perigosas
Sem carnaval
Só o mar e um pedaço de pano que censura um pedaço de carne..
Sonho recorrente com uma ilha pequena, nela fico ainda menor
Mas do topo da ilha olho pro sol
E não preciso fechar os olhos
quando vejo o sol doendo
vejo nele todas as coisas vivas e os tempos
Passarem tremendo
Passados alados
revoadas de lembranças
E nenhum deles dói.
Cardumes de promessas
Cada uma mais cintilante na espuma da onda da beira que a outra
E nenhuma delas dói.
E eu lá.
Aperto a língua dos gostos
Tento caçar o cardume e a revoada
Faço força prá durar o sonho
Prá ter força
Sonho recorrente com essa ilha
Meio caribe meio nordeste meio carioca sem carioca
Essa minha África idílica
Que junta o doce, o ácido, o salgado e o amargo
Esse sonho de estar só
E ser forte
Forte
Forte.
Constatar a solidão desse grande presente que é estar numa ilha
O homem e suas circunstâncias
estar nessa ilha-universo
sozinho
Essa pequenez que não dói
É só um sonho.
e ter força
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